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Linguagem – Por Luiz Carlos Amorim
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Recebi, há uns dois anos, do meu amigo Nuno Rebocho, escritor e editor de Cabo Verde, os originais do seu livro “A segunda Vida de Djon de Nhá Bia”. (Hoje, recebo convite para o lançamento do livro, publicado por editora portuguesa, e fico sabendo que o prefácio do livro é este comentário.)
Não pude ler o romance imediatamente após recebê-lo, mas quando comecei não consegui parar até terminá-lo. Não só pela história, que é original e singular, mas pelo discurso narrativo do autor, dinâmico, objetivo, elegante e claro. Um estilo cativante, que prende e leitor, ávido por saber o que vai acontecer no próximo capítulo.
Encontrei palavras que não são usadas no nosso português do Brasil, mas isso colaborou para tornar a leitura ainda mais interessante e não prejudicou em nada a compreensão. Algumas palavras me chamaram mais a atenção, no entanto, por não conseguir descobrir-lhes o significado, apesar do contexto. E me fizeram lembrar o recente Acordo Ortográfico, pois as diferenças do português do Brasil, de Portugal, de Cabo Verde não se reduzem a apenas sinais e acentos. Existem palavras diferentes e palavras com sentidos diferentes. Mas isso é discussão para outra vez. O que queremos discutir, agora, é a obra deste bom escritor de Cabo Verde, Nuno Rebocho.
A história evidencia o alto grau de criatividade do escritor, beirando o fantástico-maravilhoso. Mas com a segurança de um grande ficcionista, denunciando, com situações localizadas além da nossa realidade comum, as mazelas do nosso mundo atual.
O título do romance dá uma dica sutil do enredo: “As duas vidas de Djon de Nhá Bia”. É a história de Djon depois de sua morte, de situações bizarras e ao mesmo tempo divertidas de um morto-vivo às voltas com outros mortos-vivos, com o Diabo, com o amor, com o fanatismo do povo, com a vida. Uma fábula bem urdida, interessante e bem contada.
A linguagem e o estilo se conciliam e se completam, dando ao romance total fluidez, dando prazer ao leitor ao longo do desenvolvimento da trama, a cada página.
Recomendo a leitura deste ótimo romance do escritor de Cabo Verde aos leitores de qualquer país que tenha como língua oficial o português, pelo talento do autor e pela qualidade da obra.
Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor, Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 38 anos de trajetória, cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras. http://lcamorim.blogspot.com.